NO POÇO

Poema baseado na maquete do genial António Variações (meu maior mestre) que o grupo “humanos” adaptou duma forma que considero sublime

NO POÇO

Se me quiseres ver

Procura bem fundo

Num caminho sem regresso

Pois é lá

Que eu cá te espero

No poço

Bem no fundo

Da minha interioridade

Bem nas trevas

Onde reside a minha verdade

Onde respiro

Não respirando

Onde sofro

Onde vou estando

Mergulhado

Em garrafas bem vazias

Que quando cheias

São as minhas melhores amigas

Em poemas

Desvairados de sentires

Onde estou sozinho

Mas onde na realidade

Transparece a crua verdade

De querer estar contigo

Cheio de estrelas

Imerso na imaginação

De quem nada tem

E que por querer um pouco

Tem ai o seu maior pecado

A sua maior humilhação

E por isso procura bem profundo

Onde a luz não brilha

Procura um certo ar da minha graça

Pois estou a rir-me de tristeza

Porque a minha noite eterna

Não passa…

No poço