Divórcio

Onde ficou a mulher

que dormiu em minha cama

por tantos anos?

Quem será essa estranha,

que se senta à minha frente

e deixa transparecer

a ira por me ver?

Se houve,

onde ficou a doçura do mel?

Na antiga Lua

que lhe era o substantitvo?

Por qual motivo

agora só consigo vê-la

como cadente estrela?

Em quais cruzamentos

ficaram os juramentos?

Onde se guardava

esse desamor

que agora se revela

como carro que nos atropela?

Quem estará à frente de Vossa Excelência

e se mostra despida de inocência?

Por que quando a vejo,

só sinto clemência?

Tanto a perguntar...

e tão inútil perguntar.

Pois nada há de ficar

do antigo cavaleiro de Cervantes.

Nem a hipocrisia de antes,

costurada com mentiras e barbantes.