CLAMOR DE UMA CLAVE

Tal qual um violão quebrado

Por um seresteiro deixado de lado

É o teu peito que se mostra calado.

De um campo melódico que outrora se ouvia

Arpejos produzidos em cordas de alegria

Resulta tristemente silenciosa uma carcaça vã e fria.

Deixe-me tocar seu peito, amigo amado

Talvez a agonia o tenha desafinado

Ou, quem sabe, ainda seja possível

Reaver o som da vida, animado

Que, ao passar dos anos, foi suprimido e abafado

Culpa de amarguras infligidas por corações enferrujados.

Permita fluir a tessitura da alma ainda que tardia

Deste teu corpo oco, largo espaço da solidão que foi um dia,

Arranque do seu interior a inércia impassível,

É doloroso ver teu ser espelhar-se a uma triste elegia,

Venha povoar de sons o meu caminho, pauta musical vazia

E vivificar antigas canções que o tempo não permitiu registrar as melodias.

Deixe-me tocar seu peito, amado amigo

Talvez, deveras, não tenhas notado

Meu caminho traçado nos riscos do chão.

Vamos, entre linhas paralelas da estrada, vem comigo!

Depois da canção e do hino entoado

Quero ouvir teu suspiro, bela composição.

Mas se acaso tiveres que partir pra outros ares

No segundo horizonte que encontrares

Sentirá que estarei em teu coração.

Serras, planícies, rios ou mares

Seja qual for a paisagem que olhares

O sol só nascerá por trás da linha de tua mão.

Elenize

07-01-2010

Izenetti
Enviado por Izenetti em 11/01/2010
Reeditado em 01/04/2016
Código do texto: T2024273
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.