DOLOROSA SAUDADE
Virei-me na cama, o braço tateando
à tua procura...mas já não estavas,
encontrei apenas o exalar do teu perfume
fluindo suavemente do travesseiro
Foste, como vão as estações do ano
e em cada espaço do apartamento
ficaram traços de tua doce passagem
que iluminou essa minha vida inútil
Por que as águas do rio tem que correr?
Por que o sol necessita adormecer?
Por que o tempo não tem intervalo?
Por que o amor às vezes é derrotado?
Não estavas mais ao meu lado à aurora
e naquele instante a vida me deixou
desaparecendo o ar que eu respirava
apagando o brilho dos meus olhos
Não contive o escorrer das lágrimas
nem pude desencontrar-me da dor
o sentido do que havia não mais era
o desejo do meu existir virou nada.