PENSAR OU ORAR
Olhando a água a rolar
pelo vidro daquela janela,
as gotas que corriam então,
me faziam, triste, pensar
no irmão que está na favela,
às vezes, sem pedaço de pão.
Pensava na crucial dor
que a chuva duradoura
cravava no pobre peito
do humilde trabalhador
que perdia a sua lavoura,
ficando até sem alimento.
Pensava que o frio não poupa
nem as inocentes criancinhas
que por falta de roupa,
esfarrapadas e quase nuas,
andam sempre sozinhas
e abandonadas pelas ruas.
Pensava nas subhabitações,
à beira de rios e canais.
Nas torpes discriminações
e diferenças sociais.
Até que, parei de pensar...
O coração me pedia pra orar.
SP – 06/01/10