Túmulo Matutino (A Perda da Ausência)
Finjo estar acostumado
Finjo que a dor me fascina
Acordei docemente assombrado
Na cadência matutina
E vi os primeiros raios de dor
Por perder o que não tinha.
O silêncio fala mais alto
Sua ausência ainda é presente
Há um banquete lauto.
Há uma fome insistente.
Não foi feito pra mim
Mas está aqui comigo
Na forma mais dolorosa.
Na forma mais latente.
Que a rosa na sua fronte
Não emudeça jamais
Por isso aqui te guardo
Enterrada neste chão
Onde cresce viva a flor
E onde escondo meu coração...
Não são minhas tais palavras
Nem suas também.
São da dor que carrego
E só dela, tomara. Amém.
28/12/2009