Túmulo Matutino (A Perda da Ausência)

Finjo estar acostumado

Finjo que a dor me fascina

Acordei docemente assombrado

Na cadência matutina

E vi os primeiros raios de dor

Por perder o que não tinha.

O silêncio fala mais alto

Sua ausência ainda é presente

Há um banquete lauto.

Há uma fome insistente.

Não foi feito pra mim

Mas está aqui comigo

Na forma mais dolorosa.

Na forma mais latente.

Que a rosa na sua fronte

Não emudeça jamais

Por isso aqui te guardo

Enterrada neste chão

Onde cresce viva a flor

E onde escondo meu coração...

Não são minhas tais palavras

Nem suas também.

São da dor que carrego

E só dela, tomara. Amém.

28/12/2009

Pedrosa de Souza
Enviado por Pedrosa de Souza em 03/01/2010
Reeditado em 04/01/2010
Código do texto: T2009658
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