Renúncia _ (Por quem tua mãe chorava?)
Três tiros...
E o silêncio era de morte,
um anjo cantou meu nome,
enquanto minha mãe chorava.
Oh, dor cruel, dor insolúvel!
Quem consola minha mãe?
Levem-na, antes que meu corpo apodreça,
diante de seus olhos tão cansados.
Eu recusei os seus conselhos.
Eu zombei de suas preces.
E agora, como posso!?
Como enxugar as lágrimas em sua face?
Troquei o seu sorriso e seus carinhos,
por um punhado de maconha;
joguei no esgoto o seu orgulho,
e sua esperança, e sua revolta...
_ Por Deus! Levem-na daqui.
Ela sofreu meus desencantos,
chorou meus desesperos
e sufocou na alma o meu desprezo.
Não suporto sua imagem de sofrimento.
Não admito este compadecimento voluntário
e ignóbil de terceiros.
_ Pobre mãe, chora agora teu filho nóia.
_ Por Deus! Levem-na daqui.
Pois, só agora reconheço:
A ruína na qual sucumbi, não foi a do castelo,
que ela sonhou para mim...
Eu pereci nas drogas que consumi,
renunciei meus sonhos,
isolei meus estimados amigos,
abandonei a escola e reverenciei o vício.
Três tiros...
E o silêncio era de morte...
Oh, dor cruel, dor insolúvel!
Perdoa mãe!
Agora, levem-na daqui.
Logo chegaram os legistas (se chegarem);
pois não quero que ela assista,
neste circo de morte, meu último ato,
onde vermes e insetos também serão fotografados.