Retalhos de Dor


Com olhos esbugalhados, no escuro

Procurei enxergar a verdade,

Mas colaram-se as palpebras,

Nunca enfrentarei a realidade!


Destas emoções esfarrapadas

Vive uma alma em tormento,

Que vive de palavras abandonadas,

Retém-nas, como seu sustento!


Sou a obra-Prima, não nascida

Da palette d'um pintor falhado,

A ele entregarei, minha vida!

Quando o dia tiver chegado!


Como tic-tac, dum relógio,

Em contagem decrescente,

Assim bate o meu coração,

Desempedido e ausente!


Lá fora as luzes da cidade,

Reflectem-se no rio, tal espelho

Apesar da sua beleza temporária,

É na noite, que tudo é belo!


Um sentimento de vazio, que dilacera,

Um arrepio de mágoa, que me abate!

Esta estrada, não me leva a Primavera

Esta incerteza gélida, soa a rebate!


Desconheço-me por fim,

Por esta imensidão de gente,

Nada já fala por mim,

Sou uma existência dormente!
Aguarela Matizada
Enviado por Aguarela Matizada em 22/07/2006
Reeditado em 21/05/2010
Código do texto: T199262
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