Solidão I

Meu coração
Já não me pertence mais
E o vazio dentro de mim
Me consome
Como fogo
Que destruiu meus sonhos
E transformou em brasas
Os motivos que eu tinha para viver

O vento que sopra em seus cabelos
E que desfolha as arvores da primavera
É o mesmo que me mostra
A loucura que é estar presente
Respiro fundo
Esse ar imundo
E sinto a essência estranha
Do que é a morte

Deito sobre as folhas caídas
Que parecem ter espinhos
Com o mesmo veneno que se esconde
Por trás da pureza que um dia
Eu vi em seu olhar

Minha angustia me faz suar
O meu ódio me faz sangrar
E meus ombros carregam
Toda minha dor
Dor, por não saber amar

Meus olhos demonstram
Minha vontade de, não mais, respirar
Essas linhas são traçadas
Com a suavidade de quem não sabe perdoar
De quem sabe que o amanha nunca chegará

Não é vaidade
Transformar em dor
Essas palavras
Ou o que é verdade
O meu amor
É só saudade

Vou transformar em lágrimas sua ausência
E o que de bom ficou
Sinto-me um verme que alguém vomitou
E na beira do abismo
Apenas meu medo me mantém vivo
Vou celebrar o horror de tudo isso
Depois que eu tiver febre
Por causa do seu sorriso


Ainda vou rir por ter
Transformado palavras em escuridão
Chega de maldade e ilusão
Nunca mais te estenderei a mão
Não leia isto
É apenas solidão
E terminha simples
Com festa, velório e caixão...
 
Henrique Aguiar
Enviado por Henrique Aguiar em 16/12/2009
Reeditado em 30/04/2021
Código do texto: T1980348
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