Mutação

às vezes eu queria ser outra

mais calma

mais sorridente

mais espontânea

mais evidente

às vezes eu queria ser outra

mais mulher

mais dançante

mais cantante

mais falante

às vezes eu queria ser outra

menos chata

menos decidida

mais servil

mais comedida

às vezes eu queria ser tantas

como se o que sou já não bastasse o ser

às vezes me imagino de tantas formas

que todas as outras que já existem ficam confusas

com tantas mulheres que encontro dentro de mim

então vou pro meu canto

permaneço quieta

espero que as vozes e o falatório feminino se cale

(sim...uma hora elas têm que parar !)

em meu canto...

olho a paisagem, a lua, coisas sem porque

e vejo que sou eu mesma

e como posso ser

nada melhor do que me sentir bem

aceitar

este ser que convive comigo por mais tempo

Adriana Alves (Poetisa Lancinante)
Enviado por Adriana Alves (Poetisa Lancinante) em 14/12/2009
Código do texto: T1977827
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