Tristezas solenes
Tristezas solenes.
Dores pungentes.
Gente tratada como coisas,
Trapos e esgotos.
Tristezas solenes
Drapejadas nas rugas
De um rosto humano
Lágrimas escorrem discretas
Como a chuva fina e se espalham
Em ventanias
E lançam gemidos lancinantes,
Lacerantes
Dividindo a alma em microcosmos ocos,
Sem sentido e nem
Expressão.
Tristezas solenes
Aparecem bem trajadas
Em dias de chuva,
No cenário da cidade
em pandemônio afogada
em mágoas e traumas...
O chiado da chuva no chão
a grunhir dores inconscientes...
a bramar por vinganças surdas e
sangrentas do cair da tarde...
Fim do dia.
Fim da tristeza solene.
O rímel escorre da face,
pincelando trevas num
semblante perturbado,
nublado.
Chove lá fora.
Intensamente.
Chove aqui dentro
Secretamente.
Pingando na alma árida
o milagre do renascimento.