NUNCA

Hei-de ser

Realmente feliz

Porque vi as estrelas como elas são

Sou feito apenas do pó delas

Sou seu humilde aprendiz

Nunca

Hei-de ver

A alvorada

Dos tempos que virão

Vivo e sonho no presente

E é aqui

Que os sonhos perecerão

Nunca

Hei-de ter de volta

Os mil afectos que dou

Os mil beijos que lanço no ar

A imortalidade

É o meu dom

Que nunca irei alcançar

Nunca

Escreverei

O poema perfeito

Aquele

Que agradará a multidões

Teço apenas pequenas palavras

Que lançam mil e uma questões

Algumas primordiais

Do género

O que sou

O que faço aqui?

Sei apenas que sonho

E que sonharei

Sempre

Até ao meu fim

Nunca!