Tua e Nua

O olho caolho

Não olha na rua.

Não vê o poema

Da carne morena;

Da pele tão nua;

Da pelve em brolho.

Da janela serena,

(Oh! que triste consolo),

Bem no fim lá da rua,

Não te vejo tão nua,

Mas serena no solo,

Repetindo-se a cena.

Sozinha e com sono.

Tão tenra e tão crua

Já não é tão pequena.

No aguçado meu olho

O que planto é que colho,

Sem missa ou novena

Já não estás só nua.

O tempo tatua

Tua pele tão nua,

Tão tua.

Na rua,

Tão nua.