A árvore e o vento

Solidão eterna, ela pensa.

Exagerada, ri de si mesma.

Está sozinha, no campo florido onde antes,

a paixão reinava seu coração.

Mas a paixão acaba, ela pensa com ironia.

Passa seus dedos no espaço vazio ao seu lado,

e é como se acariciasse o espaço vazio em seu peito.

Uma brisa fria faz seus cabelos balançarem devagar.

Quase sente os dedos leves escorregando entre seus fios.

Mas é apenas o vento.

Olha para o horizonte,

tristonha.

Vira o rosto mais uma vez para a árvore onde se encosta,

e vê a verdadeira marca.

Ajoelhada em frente a ela,

passa os dedos delicadamente por cima do contorno desenhado por ele,

um coração torto,

com seus nomes dentro.

Ele demorou vinte minutos para terminar, ela pensa sorrindo.

Ele bem que poderia ter demorado uns vinte anos, pensa, agora séria.

Porque ainda estaria aqui comigo, suspira trêmula.

Mas você não está, diz, enquanto a primeira lágrima molha a terra.

E se quer saber, continua, eu penso que sempre estará do meu lado.

Sou idiota, ela pensa.

E eu te amo, finaliza, enquanto outra brisa fria faz seu cabelo voar.

*

De algum lugar, um lugar pacífico e desconhecido,

ele a observa chorando na árvore.

Você não é idiota, ele suspira.

"E eu te amo", ela diz.

Também te amo.

E ele a toca,

sabendo que para ela,

seu toque é apenas uma brisa fria.

Jack Lopes
Enviado por Jack Lopes em 02/12/2009
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