Peito de pedra
Tento fugir do que não conheço
Soprando apenas numa vã aragem
Lembranças milenares... Miragem
Irreal de um tempo já partido
Jaz um celeste anjo decaído
No torpor do seu próprio desprezo
Quis ser trevas por própria escolha
Tomou pra si dorido calvário
Como se andasse sempre ao contrário
Apartado de tudo no exílio
Na alma o pesar do antigo idílio
Sonhos que o tempo sutil desfolha...
Num involuntário pensamento
Em mim assume novo desenho
Na alínea que tanto desdenho
No horizonte de um navio sem rumo
Na torpeza do vento assumo
No peito a dureza do cimento...