Estou trancado,
Lá fora nada me interessa
os automóveis e os cometas
fazem a curva da esquina
e do buraco negro e se vão
desenhando um caminho de luz
e eu estou no escuro do quarto
enquanto esqueço de você...
de você e de seu desamor
e do caos que me transformo
quando sinto o calor da lágrima
e os olhos secos
e a face seca
e o gosto de sal pelas narinas...
e se uma pantera morre distante
eu não percebo e por ela sei que choraria
e pelos homens que cumprem pena injustamente
pelos que morrem antes de serem homens
e pelas crianças que já são adultos
e eu percebo, o caos sou eu...
e eu sou lindo,
com essa pele negra que brilha
olhos que penetram
unhas afiadas
inimigos vencidos...
e eu sou como pantera morta
nesse meu ultimo salto
para rasgar a pele
dessa alma que de mim se aparta
sou o silencioso caos
pantera morta
homem privado de liberdade
morto antes da maturidade
e sou criança
e eu percebo
eu sou o caos...