PORTA-RETRATO
Do sofá olhava as fotos empoeiradas
nas prateleiras da estante.
Sorrisos, paisagens, brilho no olhar.
Gente amontoada querendo
ser vista num pequeno espaço
por muito tempo...
Observava aqueles rostos radiantes
e o seu, principalmente,
revigorado pelos sonhos
e pelas inúmeras alternativas
de encontros, música e poesia.
As fotos eternizavam momentos felizes.
Eram seu escudo nas noites solitárias.
Protegiam-lhe dos maus agouros alheios.
De repente as molduras ruíram
e o vidro quebrou, tal como o encanto
e os momentos vividos...
Levantou-se e guardou os rostos
um a um, empilhados na gaveta...
Já não lhe serviam mais.
Os sonhos já não eram os mesmos.
Os personagens apagaram seu nome.
Voltou a ser quem era.