Sem razões
Tanta gente tenta ser gente
No pouco espaço que a vida dá.
Tanta gente que nada sente
Semeia a semente
Que passa indiferente,
Vegeta, tentando ser gente.
Tanto espaço curto que a vida dá,
Na curva da esquina,
No final da meta,
No objetivo sem alcance,
No realce do toque
Nas cores que inflamam,
No amor que já morre,
No egoísmo que floresce.
Tanta pauta vazia,
Tanta tinta extinta,
Nas mãos que lançam pedras,
Nas bocas proferindo impropérios
Enquanto no beijo,
O doce mistério...
Já esquecido.
Tanta luz, sem o brilho nos olhos,
Tantos olhos opacos
Perdidos no tempo,
Buscando ser gente,
Neste mundo incerto
Feito pelas nuas reações da procriação;
O resto que tente ser o que não sou...