ESPELHO DE MARYA
Se a tristeza me apavora
é porque é chegada a hora
de assumir que sou covarde
covardia pura e plena
que nunca se apresenta amena
nunca, em nenhum momento.
E por mais que eu tente, ser diferente
E por mais livros que leio, mais conhecimento
E por mais anos de convivência, anos acumulados
Nada me tira desse torpor
Nada desfaz esse temor
E neste instante quando tudo demora
É que sinto que chegou minha hora
De assumir o que de mim restou
Sou fácil, porem inacessível
Sou maleavel, porem intocavel
Sou alegre, porem mesquinha
Pois me escondo
Me preservo
Me isolo
Faço isso por vontade propria
E nada feito com tanta consciencia
Pode ferir pouco
O equilibrio às vezes me visita
Mas me deixa inerte
Pois nao sei conviver com o que nao controlo
Mais uma vez me digo
Sou tola
Mais uma vez me peço
Não permita-me abandonar-me.
Sempre faremos parte da vida de aguém
se será no passado, presente ou futuro
depende do que faremos com nossa propria vida.