Poema de água e vinho
Faço poemas
como água,
como quem esconde a mágoa,
como quem soma e subtrai,
faço poemas
como quem atrai,
como quem trai
e arma alibis
para fugir da cilada.
Faço poemas
como vinho,
como quem vive sozinho,
como quem foge e procura,
faço poemas por loucura,
por querer viver
e correr o mundo,
caindo no absurdo do submundo.
Faço poemas
como água e vinho.
Faço poemas
pela mágoa de viver sozinho.
1992