Sociedade dos poetas fracassados
"Eu sei que sempre eu senti
Que você me fez feliz..."
-O dom de amar- Catedral
Numa mortalha negra,
E os pés descalços sobre o escorpião faminto.
Era uma infida tarde de vovembro
Fria como a bruma das oiticicas
E no veloz centímetro da solidão;
O veneno das órgias zoomórficos
Um processo lento e desmaterializado
E turva o meio-dia numa sombra
E quando chegou a tempestade era noite
Maldita noite de outono!
Quando os olhos da besta estava viva
E a morte morta no seu sepulcro de ferro
Cuspimos na lápide;
Havia vermes de todas as imudices
Restos de cadaveres jogados sobre o altar,
Um gato negro sobre os escombro roendo ossos,
Fezes que expandi-se pelo quintal
No fim de tudo um poema ébrio,
Apenas rabiscos chamiscados de ódio e sangue;
olhos de infãncia roubada,
Torturas, extorsão, febre tifóide, prostituição, religião,
Deus e seu rebanho, a Igreja Católica, Ogros, o amor e o demônio;
Faces de uma mesma sociedade
Monstros jogados sobre minha tenra idade,
Idade de cortar os pulsos e dizer que não sou nada,
E nunca serei igual a você
Porque sobre essa sórdida carne mora a ignorância.