Sociedade dos poetas fracassados

"Eu sei que sempre eu senti

Que você me fez feliz..."

-O dom de amar- Catedral

Numa mortalha negra,

E os pés descalços sobre o escorpião faminto.

Era uma infida tarde de vovembro

Fria como a bruma das oiticicas

E no veloz centímetro da solidão;

O veneno das órgias zoomórficos

Um processo lento e desmaterializado

E turva o meio-dia numa sombra

E quando chegou a tempestade era noite

Maldita noite de outono!

Quando os olhos da besta estava viva

E a morte morta no seu sepulcro de ferro

Cuspimos na lápide;

Havia vermes de todas as imudices

Restos de cadaveres jogados sobre o altar,

Um gato negro sobre os escombro roendo ossos,

Fezes que expandi-se pelo quintal

No fim de tudo um poema ébrio,

Apenas rabiscos chamiscados de ódio e sangue;

olhos de infãncia roubada,

Torturas, extorsão, febre tifóide, prostituição, religião,

Deus e seu rebanho, a Igreja Católica, Ogros, o amor e o demônio;

Faces de uma mesma sociedade

Monstros jogados sobre minha tenra idade,

Idade de cortar os pulsos e dizer que não sou nada,

E nunca serei igual a você

Porque sobre essa sórdida carne mora a ignorância.

Nacélio Rodrigues Lima
Enviado por Nacélio Rodrigues Lima em 16/11/2009
Reeditado em 20/11/2009
Código do texto: T1927630
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