Meu coração está aberto como uma cova no cemitério
Vejo todas as palavras caindo mortas
E se enterrando bem fundo
Sem uma vela, uma lápide, uma visita
Sem uma vista
Ou uma revista de um par de belos olhos
Curiosos e sensíveis
Capazes de ver não o que as palavras dizem
Mas o que buscam ocultar
Meu coração é uma ferida em brasa
Um cofre abarrotado que não se fecha
E às vezes um velho baú que não se abre
Lotado de quinquilharias
Que não valem nada
Sou apenas um poeta bastardo
Nascido num dia frio e triste
No momento exato em que nasce a desgraça
No meio da tristeza para viver na pobreza
E fadado a morrer na miséria
Por isso vou enterrando minhas palavras em tinta preta
Na sepultura branca do papel
E com elas vai minha alma
Inevitavelmente
Com tudo o que ela tem de mais tolo
Crer no amor e na felicidade
Acalentar sonhos e esperanças
Como se tudo isso fizesse sentido
Quando se está morto
Há vida sim
Há vida ainda
Mas perdi minha última chance
Esqueci meu mais belo pensamento
Alguma lembrança que tenha sido boa
Nem sei se foi ilusão
Ou uma maquinação de meu espírito enganador
Demoli o ser e me perdi nos destroços
Pus fogo em meus desejos como se fossem cartas proibidas
E perdi o respeito por mim
A coragem me abandonou
Eu não sei quem sou nessa vida estranha
Nessa cidade sem entranhas
Nesse exato momento de perplexidade
Não sei o que faço com o tempo
Quando ele vira eternidade
Não sei o que faço com os sonhos
Quando eles viram realidade
Não sei o que faço comigo
Quando encaro a verdade
Só sei que esqueço
Esqueci meu último sonho
Nem me lembro do último beijo
O último olhar terno e carinhoso
Numa última noite de prazer
Que não sei quando foi
Só sei que a próxima
Pode ser nunca
E nunca é um tempo
Que eu bem conheço
E ao falar dele, poetas
Torno vocês todos obsoletos
Vejo todas as palavras caindo mortas
E se enterrando bem fundo
Sem uma vela, uma lápide, uma visita
Sem uma vista
Ou uma revista de um par de belos olhos
Curiosos e sensíveis
Capazes de ver não o que as palavras dizem
Mas o que buscam ocultar
Meu coração é uma ferida em brasa
Um cofre abarrotado que não se fecha
E às vezes um velho baú que não se abre
Lotado de quinquilharias
Que não valem nada
Sou apenas um poeta bastardo
Nascido num dia frio e triste
No momento exato em que nasce a desgraça
No meio da tristeza para viver na pobreza
E fadado a morrer na miséria
Por isso vou enterrando minhas palavras em tinta preta
Na sepultura branca do papel
E com elas vai minha alma
Inevitavelmente
Com tudo o que ela tem de mais tolo
Crer no amor e na felicidade
Acalentar sonhos e esperanças
Como se tudo isso fizesse sentido
Quando se está morto
Há vida sim
Há vida ainda
Mas perdi minha última chance
Esqueci meu mais belo pensamento
Alguma lembrança que tenha sido boa
Nem sei se foi ilusão
Ou uma maquinação de meu espírito enganador
Demoli o ser e me perdi nos destroços
Pus fogo em meus desejos como se fossem cartas proibidas
E perdi o respeito por mim
A coragem me abandonou
Eu não sei quem sou nessa vida estranha
Nessa cidade sem entranhas
Nesse exato momento de perplexidade
Não sei o que faço com o tempo
Quando ele vira eternidade
Não sei o que faço com os sonhos
Quando eles viram realidade
Não sei o que faço comigo
Quando encaro a verdade
Só sei que esqueço
Esqueci meu último sonho
Nem me lembro do último beijo
O último olhar terno e carinhoso
Numa última noite de prazer
Que não sei quando foi
Só sei que a próxima
Pode ser nunca
E nunca é um tempo
Que eu bem conheço
E ao falar dele, poetas
Torno vocês todos obsoletos