Nasceu frio e triste
O primeiro dia do resto da minha vidaNenhum azul no céu
E uma garoa vertendo lágrimas
Misturadas com as minhas
Tristeza que carrego aonde vou
Queria só esquecer
Seu rosto e sua voz, seus olhares
Cada inútil momento ao seu lado
E esses fantasmas em minhas noites
E as figuras de meus piores pesadelos
Queria ser capaz de esquecer de lembrar
Ser capaz de dormir sem pensar
E de me esvaziar completamente
Arrancar do peito toda a saudade
Como essa que se avizinha
A pior de todas, monstruosa
Uma saudade como que de mim mesmo
Do que nunca fui e nunca pude ser
Afugentar esse medo que se instala
Será que algum dia acaba ou vai embora?
E esse vazio horrível que fica
Haverá algo que o preencha?
Tudo à frente como uma folha em branco
Bem no instante exato, inconfundível
O momento em que toda a criatividade acaba
E desvanecendo perde o sentido e morre
Como tudo o que nasce e vive, que começa
Queria não amar você
Ou ter tido medo de sua presença
Um arrepio na alma, um presságio
Uma antipatia gratuita
Que me devolvesse para o fundo de mim mesmo
De onde eu nunca deveria ter saído
Aquele lugar onde tudo nasce e vive
Onde tudo o que acaba começa