Nasceu frio e triste
O primeiro dia do resto da minha vida
Nenhum azul no céu
E uma garoa vertendo lágrimas
Misturadas com as minhas
Tristeza que carrego aonde vou
Queria só esquecer
Seu rosto e sua voz, seus olhares
Cada inútil momento ao seu lado
E esses fantasmas em minhas noites
E as figuras de meus piores pesadelos
Queria ser capaz de esquecer de lembrar
Ser capaz de dormir sem pensar
E de me esvaziar completamente
Arrancar do peito toda a saudade
Como essa que se avizinha
A pior de todas, monstruosa
Uma saudade como que de mim mesmo
Do que nunca fui e nunca pude ser
Afugentar esse medo que se instala
Será que algum dia acaba ou vai embora?
E esse vazio horrível que fica
Haverá algo que o preencha?
Tudo à frente como uma folha em branco
Bem no instante exato, inconfundível
O momento em que toda a criatividade acaba
E desvanecendo perde o sentido e morre
Como tudo o que nasce e vive, que começa

Queria não amar você
Ou ter tido medo de sua presença
Um arrepio na alma, um presságio
Uma antipatia gratuita
Que me devolvesse para o fundo de mim mesmo
De onde eu nunca deveria ter saído
Aquele lugar onde tudo nasce e vive
Onde tudo o que acaba começa
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 16/11/2009
Reeditado em 28/08/2021
Código do texto: T1927582
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.