Dia sangrento
Antes havia uma muralha
Agora só há falsas lembranças.
Os portões se abriram,
Mas de lá só saíram soldados
Munidos de espingardas
E um pouquinho de ódio.
Quê belo dia!
Quê bela manhã!
Uma manhã sangrenta.
Os passarinhos cantaram assim que o sol nasceu
E trombetas soaram,
Em nome do desespero de centenas de pessoas
Lutaram por uma causa
Sofreram por um desejo
Morreram por um direito.
Naquela bela manhã,
A praça estava tingida de belos tons de vermelho...
O dia nasceu ornamentado com carne humana.
Os céus foram testemunhas,
E naquele dia choveu muito
Para limpar o chão.
Quê manhã mais linda foi aquela
Não temos culpa de que o governo era imbecil
Não temos culpa que o poder o corrompeu
As mãos estão manchadas para sempre.
Aquela foi uma terrível noite
Aquele foi um dia triste.
Lagrimas escorreram solitárias,
Esperando por consolo
Naquela dia sangrento.
* Em 4 de junho de 1989, milhares de estudandes protestavam contra a ditadura do governo chinês, na praça da Paz Celestial em Pequim, quando o exército abriu fogo contra a multidão, matando mais de 2 mil pessoas. O evento trágico ficou conhecido como o "Massacre da Paz Celestial".