Dia sangrento

Antes havia uma muralha

Agora só há falsas lembranças.

Os portões se abriram,

Mas de lá só saíram soldados

Munidos de espingardas

E um pouquinho de ódio.

Quê belo dia!

Quê bela manhã!

Uma manhã sangrenta.

Os passarinhos cantaram assim que o sol nasceu

E trombetas soaram,

Em nome do desespero de centenas de pessoas

Lutaram por uma causa

Sofreram por um desejo

Morreram por um direito.

Naquela bela manhã,

A praça estava tingida de belos tons de vermelho...

O dia nasceu ornamentado com carne humana.

Os céus foram testemunhas,

E naquele dia choveu muito

Para limpar o chão.

Quê manhã mais linda foi aquela

Não temos culpa de que o governo era imbecil

Não temos culpa que o poder o corrompeu

As mãos estão manchadas para sempre.

Aquela foi uma terrível noite

Aquele foi um dia triste.

Lagrimas escorreram solitárias,

Esperando por consolo

Naquela dia sangrento.

* Em 4 de junho de 1989, milhares de estudandes protestavam contra a ditadura do governo chinês, na praça da Paz Celestial em Pequim, quando o exército abriu fogo contra a multidão, matando mais de 2 mil pessoas. O evento trágico ficou conhecido como o "Massacre da Paz Celestial".

Jean Carlos Bris
Enviado por Jean Carlos Bris em 14/11/2009
Reeditado em 14/11/2009
Código do texto: T1923590
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