Coração Vazio

Olho o céu carregado de nuvens.

O sol meio escondido, aquece

a terra e meu corpo dolorido.

Meus sentimentos, qual trem

de carga desembestado,

correm céleres pelos trilhos.

Em algum tempo, distante?

Não sei mais.

Alguém me falou de trilhos,

trens, estações, vinho?

Embriagada de solidão,

eu agora olho estações fantasmas.

Procuro as flores, entrevejo

desertos de terras áridas.

Os jardins que plantei pra mim,

nunca existiram!

Não são meus, pertencem ao destino.

Como o jardineiro cansado, observo a obra.

Flores que entre si se semearam.

Novos artífices ali trabalharão.

Não necessitam mais desta velha mão.

Estou só, como o pássaro migrante

que na volta, já não encontra seu ninho.

"Senhor", tende piedade de mim!

Clama minh'alma em pranto incontido.

A razão sucumbe, ante o vazio que sinto.

A cabeça, roda gigante no parque da vida,

roda e roda, mareando meus sentidos.

Quero parar, descansar,

dormir novamente meu sono menino.

Não pensar, esquecer, arrancar do peito

os sentimentos que estavam a tanto

tempo adormecidos.

"Quero voltar novamente ao limbo"

Quero minha estagnação, sem sofrimentos.

Dia após dia, horas que correm

como águas de um rio.

Afogo-me em agonia lenta.

Olho pela janela deste trem

descarrilado.

Espero...

A estação terminal, onde desembarcarei

a carga de sentimentos vários:

vitorias, lutas, derrotas,

cansaço, esperança.

Só assim, poderei seguir viagem:

Quero de volta meu coração vazio!

Asta Vonzodas

Asta Vonzodas
Enviado por Asta Vonzodas em 11/07/2006
Código do texto: T191961