O REI DAS CINZAS E A BORBOLETA

A ti, a mais sublime entre as sublimes

O REI DAS CINZAS E A BORBOLETA

Quero que saibas

Que não se desliga o coração

Com um simples

E terrível

Premir de um botão

Pois o que sinto

São mundos

De uma infinita beleza interior

Que tos entrego

Com todo o meu amor

Por infernos passei

Terra que semeia e colhe cinzas

São os domínios

Onde sou Rei

E lá um dia

Vi uma borboleta

Que fez renascer

A minha adormecida

Fé de poeta

Penso que sabia

Desde sempre

Nunca a poder cativar

Uma coisa era tê-la presa

Outra era fazer

Que ela pudesse amar

Mas nem por isso

O sonho desapareceu

E ali fiquei

A observá-la

E a ama-la

Erro crasso

Que o Rei cometeu

Partido em mil bocados

Tinha-a a meu lado

Ignorando que ela vinha

De outra terra de cinzas

E que por ali por acaso

Tinha vindo parar

No seu voo incerto

Duma alma pelo belo a desesperar

Apesar das suas palavras

Ditas sem o dizer

Onde dizia

Que a esperança

Em mim havia de morrer

Pintei-lhe o cinzento

De todas as cores do universo

Pintei-lhe o mundo de alegria

Pois era a minha forma humilde

De dizer que a queria por perto

Passaram mil anos

E mais mil se hão de passar

Eu amei-a cada vez mais

Apesar de todo o seu lamento

Todo o imenso chorar

Observámos juntos o renascer

De milhões de auroras

Amávamos o impossível

E pela eternidade fora

Ficámos juntos

E rezávamos juntos

Para que a tristeza se fosse embora…

O rei das cinzas e a borboleta