É PERMITIDO CHORAR

Essas dores feitas de poesia,
Essa poesia trazida pelo vento,
Esse vento que também,
Traz muitas lembranças,
Lembranças de você - Maria,
Maria de puros sentimentos,
Sentimentos que foram perdidos,
Nos descaminhos da vida,
Vida de amores incompreendidos,
Por homens que cruzaram suas esquinas,
Esquinas de tantas ilusões,
Que habitaram a Maria - menina,
Menina que acreditou nas canções,
Do velho radinho de pilha,
Expôs a alma, o coração,
Amou mais do que poderia,
Poderia ser diferente,
Se você não fosse Maria,
Mas, mãe, seu nome traz na semente,
O sinônimo de sofrimento,
Sujeito às armadilhas,
Do humano comportamento,
Não há como deixar o olhar isento,
Do cinza que há na densa nuvem,
Nuvem de sofreguidão.
Dessas coisas que deslizam nesses versos,
Como um filho que te ama - confesso;
É impossível suportar,
A angústia contida no seu olhar,
Perdido no sempre ontem,
Disperso dentro do quarto,
Quarto transformado em ilha,
E por não suportar,
Vê-la assim, tão cacto!
Na absurda solidão,
Que eu libero a emoção,
E me permito chorar.