Dois de novembro
As flores trazidas exalam o cheiro doce e suave da vida.
Neste campo-santo onde habito, as pessoas apenas passam, cabisbaixas.
Sinto uma tristeza maior que a morte de não poder dizer-lhes adeus e
agradecer pela visita regada a lágrimas de saudade de quando eu existia.
Certo, porém, que eu agora entendo a inconsciência da morte.
A morte não existe. Ela some no mesmo instante em que aparece.
A morte, na verdade é um paradoxo. Um não ser
que desfaz tudo que é humano.
Ainda assim agradeço-os pelas flores, algumas imortais, de plástico.
A morte é um não-lugar, um não-tempo, triste e pesarosa,
a eternidade que não existe em mim.