DESERTO


Luz – transparência,

Traços da adolescência,

Momentos impares,

Trago em minhas utopias,

A ternura brincava nos olhares,

O mundo era poesia,

Tempo de amor mais puro,

Do recato em cada atitude,

Sem a existência de tantos muros,

E palavras tão rudes.

Luz – transparência,

Alaúde emoção,

Traços de um eu menino,

No caminho da inocência,

Brincava com o destino,

Não sentia solidão.

Tempo – agora posto,

Na minha identidade,

Desafinou a canção,

Deixou marcas no rosto,

Dores no coração,

Uma sonora saudade,

Que não tem explicação,

Na minha mente,

A luz já não é tão transparente,

Tudo parece tardio,

Sensação de um mórbido agosto,

E um (uni)verso vazio.

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