Sombra atrás de um véu

Um vulto envolto em panos,

Voz que não é ouvida.

Coração sem sonhos,

Morta para a vida.

É, assim que ela é.

Tratada como um nada.

Olhos escondidos. Uma ralé.

Numa tela, enfurnada.

Sai arrastando,

Levantando poeira e lixo.

Parece animal aprisionado,

Vulto sem grito.

Numa burca ondulante

Vai Laila à procura.

Pechincha, cheira, sente;

Por baixo do fardo, sua.

Boca escondida,

Sombra atrás do véu.

Não tem direito à vida,

Prometem-lhe o céu.

Vive num inferno,

Almejando o paraíso.

Caminhando entre paredes,

Sem indagar: Viver é isso?

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 22/10/2009
Reeditado em 23/10/2009
Código do texto: T1880080
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