Sombra atrás de um véu
Um vulto envolto em panos,
Voz que não é ouvida.
Coração sem sonhos,
Morta para a vida.
É, assim que ela é.
Tratada como um nada.
Olhos escondidos. Uma ralé.
Numa tela, enfurnada.
Sai arrastando,
Levantando poeira e lixo.
Parece animal aprisionado,
Vulto sem grito.
Numa burca ondulante
Vai Laila à procura.
Pechincha, cheira, sente;
Por baixo do fardo, sua.
Boca escondida,
Sombra atrás do véu.
Não tem direito à vida,
Prometem-lhe o céu.
Vive num inferno,
Almejando o paraíso.
Caminhando entre paredes,
Sem indagar: Viver é isso?