Um lenço para tuas lágrimas
A que sombrias lonjuras viajas em tuas horas caladas.
Em que ásperos recantos escondes a tua atávica tristeza, minha princesa?
Deixa que ilumine o teu rosto outra vez um largo sorriso.
Prá que tanto siso, se de teu olhar brilhante tanto eu preciso?
A vida nos cobra pesados tributos; obriga-nos a vestir de luto
Mas, no entanto, não devemos nos vergar pacificamente
E, como bois de carro, entregar a cerviz à canga obedientemente.
Dê-me teu rosto, para que enxugue as tuas lágrimas, minha querida.
E com meus beijos, com meu amor, tornar-te-ei mais leve o fardo da vida.
Poesia é sonho, bem sei. Sonhos não são concretos, nem nos dão o que é justo.
Digo-te, porém, com toda certeza, este mundo, sem poesia, perderia o resto que ainda tem de beleza.
Saber viajar na fantasia, sonhar acordado, é essencial para que minoremos a nossa sensação de vagarmos sem rumo por esta inóspita moradia que é o nosso planeta. Sem o sonhar, que funciona como algodão protegendo choque entre cristais, o nosso viver seria demasiado árido.
Vale do Paraíba, madrugada da última Quinta-Feira de Abril de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)