ESPAÇO PERDIDO

Ai...

esse cheiro de cachaça...

de cerveja ou sei lá o que...

esse corpo suado derretendo!

entrega-se ao vício da bebida,

sem contudo,

esconder a falência da verdade

que roi a consciência morta

transbordante de ilusões vencidas!

ora refugia-se na mordaça

ora entrega-se às falácias,

vã atitude inconsciente,

permanentemente ouriçada,

amontoado de cobiças negadas.

Se assim pensa exterminar os desejos,

bafora incontidas mágoas,

perdidas recusas,

incessantes procuras expostas

ofuscantes da visão caída!

A razão de tudo está na carapuça

de esconder na máscara

o ópio do vício!

O que agora se escusa

é o passado que o presente sela

congelando o futuro!

Assim, filtra o recalque –

tentação da bebida –

intolerante motivo –

válvula de escape!

Não consegue tirar da cabeça

momentos de cobiça

que atormentam,

na busca do espaço perdido!...

Zecar
Enviado por Zecar em 21/05/2005
Reeditado em 24/06/2016
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