ESPAÇO PERDIDO
Ai...
esse cheiro de cachaça...
de cerveja ou sei lá o que...
esse corpo suado derretendo!
entrega-se ao vício da bebida,
sem contudo,
esconder a falência da verdade
que roi a consciência morta
transbordante de ilusões vencidas!
ora refugia-se na mordaça
ora entrega-se às falácias,
vã atitude inconsciente,
permanentemente ouriçada,
amontoado de cobiças negadas.
Se assim pensa exterminar os desejos,
bafora incontidas mágoas,
perdidas recusas,
incessantes procuras expostas
ofuscantes da visão caída!
A razão de tudo está na carapuça
de esconder na máscara
o ópio do vício!
O que agora se escusa
é o passado que o presente sela
congelando o futuro!
Assim, filtra o recalque –
tentação da bebida –
intolerante motivo –
válvula de escape!
Não consegue tirar da cabeça
momentos de cobiça
que atormentam,
na busca do espaço perdido!...