Monólogo de uma vida triste
Triste lembrança guardo
Nos devaneios de minha mente livre
Dos sonhos desvairados
Que sonhei, como quem vive
Esperando algo perdido
Algo que se divide
Em amor de alguém não amado
E saudade de quem nunca tive.
Tristeza essa que ainda alimento
Contra minha própria vontade vã
Sem respostas e sem argumento
Apenas vivendo com uma mente sã
Fingindo com um sorriso triste
Que sou feliz em demasia
Mas por dentro corrói a saudade
De quem nunca verei um dia.
Eu enceno no palco da vida
Como quem apresenta um monólogo
Ator lindo, inteligente, famoso
Apresentando um espetáculo solo
Na platéia, um faxineiro velho
E as cadeiras tomadas por defuntos
No palco, eu, triste assim
Mais um ser vivo, morto no mundo.
Como queria dizer que a esperança
Voltou agora pros olhos meus
E a essa dura saudade
Dizer apenas um breve adeus
Mas ela insiste em tomar meus olhos
E me manter nesta triste ilusão
De quem espera com pesar e tristeza
A gloriosa chegada de uma paixão.