Monólogo de uma vida triste

Triste lembrança guardo

Nos devaneios de minha mente livre

Dos sonhos desvairados

Que sonhei, como quem vive

Esperando algo perdido

Algo que se divide

Em amor de alguém não amado

E saudade de quem nunca tive.

Tristeza essa que ainda alimento

Contra minha própria vontade vã

Sem respostas e sem argumento

Apenas vivendo com uma mente sã

Fingindo com um sorriso triste

Que sou feliz em demasia

Mas por dentro corrói a saudade

De quem nunca verei um dia.

Eu enceno no palco da vida

Como quem apresenta um monólogo

Ator lindo, inteligente, famoso

Apresentando um espetáculo solo

Na platéia, um faxineiro velho

E as cadeiras tomadas por defuntos

No palco, eu, triste assim

Mais um ser vivo, morto no mundo.

Como queria dizer que a esperança

Voltou agora pros olhos meus

E a essa dura saudade

Dizer apenas um breve adeus

Mas ela insiste em tomar meus olhos

E me manter nesta triste ilusão

De quem espera com pesar e tristeza

A gloriosa chegada de uma paixão.

J Neves
Enviado por J Neves em 11/10/2009
Código do texto: T1860803
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