Poesia para os cinco minutos finais
(O que mata
não é a espera
mas a certeza...)
Do dia que virá
sem trombetas
do Juízo
sem o cortar
do fio
das Parcas
nem o grito
premonitório
de Azrael.
O tempo
estará claro
nenhuma nuvem
a empanar
o brilho vítreo
do astro-rei
a ofuscar
o solo térreo
levantando
colunas de vapor
e lamentos
e pragas.
O dia chegará
é inevitável
como chega
a noite
e seu séquito
de estrelas
que se quedarão
frias
sem o mais remoto
senso de piedade
ao ouvir solenes
o choro
e o ranger
de dentes.
Pois que
o dia virá
algum dia
e não
haverá
porto
guarida
lugar
de rendição.
(21-03-85)