Não me venhas
Com a voz tão tênue
Cobrar-me que esteja feliz
Estou solitário e triste
Como eu sempre quis

Não me venhas
Com o olhar sereno
Querer-me tão calmo
Sensato e pequeno

Não me venhas
Com o pranto embargado
Querer-me ao teu lado
Como se não houvesse passado

Não me venhas
Plena de esquecimento
Querer-me o perdão
Por todo o sofrimento

Não me venhas
Com gestos sutis
Querer-me sereno
E tão ao teu alcance

Não me venhas
Disfarçando desespero
Querer-me impassível
E esperançoso contigo
Por dias vindouros

Não me venhas
Levemente temerosa
Querer-me equivocado
Lembrar esse amor
De que não temos falado
Diante de sua lápide
Onde está enterrado

Não me venhas
Um dia arrependida
Evocar o passado
Onde eu era o que não sou
Quando a chama do amor
Enfraquecida se apagou

Não me venhas
Qualquer hora contrariada
Dizer-me que tudo não foi nada
Deixa-me em meu caminho
Quando eu faço a estrada
E quando a trilho sozinho

Não me venhas
Em alguma noite fria
Cobrar-me o calor da saudade
Tirar-me o que me resta de vontade
Matar-me o que se faz poesia
Agora é já tão tarde
Na calada da noite vazia
O que era amor em meu peito não arde
Em meu peito o que arde agora é poesia
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 09/10/2009
Reeditado em 07/09/2021
Código do texto: T1856163
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