Estranha Mulher

     Não é louca nem amável
     Tem um quê estranho
´    Até uma mobilidade inquieta
     Pronuncia as palavras com muita clareza
     Parece que gosta de impostar a voz
     Como defesa de complexos adquiridos

     Respira riqueza e pobreza
     Para se situar no mundo dos poderosos
     E pegar carona no mundo dos humildes
     Não é fria
     Ou, quem sabe, dissimulada     
     Às vezes, correm-lhe lágrimas da face
     Formando rios tortuosos
     Como tortuosa é sua vida
     Uma vida dolorosa
     Sem quê pra quê

     Outrora acalentou a esperança
     A esperança do filho que não veio
     Do amor que não teve
     Do rumo que perdeu
     Às vezes, parece criança carente
     Em busca do brinquedo desejado
     Mas o olhar é duro e triste
     E vagueia pelo espaço do amanhã
     Amanhã turvo e incerto
     Que naufraga no infinito da dor
     


     
    
Vilma Tavares
Enviado por Vilma Tavares em 08/10/2009
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