NOVO POEMA DA TRISTEZA
DEIXEI PASSAR A RONDA LENTA
DE MUITAS LUAS,
MAS A MINHA TRISTEZA NÃO DIMINUIU...
LONGE, LONGE,
O CÉU AGORA É DESERTO,
COMO SE HOUVESSE MORRIDO
COMO SE HOUVESSE ACABADO...
SOZINHA, NO MEU LUTO,
ERGO AS MÃOS,
CHEIAS DE LÁGRIMAS,
EM OFERENDA...
ELEITO, Ó ELEITO
NÃO ME VÊS,
NÃO ME OUVES,
NÃO ME QUERES!...
E VAIS DEIXAR-ME FICAR ASSIM
TODA A VIDA...
OH! TEM PENA, AO MENOS,
DAS AVES,
QUE PODEM VIR BEBER
NAS MINHAS MÃOS,
E ENDOIDECER DEPOIS,
PELOS ARES,
DA TRISTEZA QUE ME ENDOIDECE...
ELEITO, Ó ELEITO,
DEIXEI PASSAR A RONDA LENTA
DE MUITAS LUAS,
E A MINHA TRISTEZA NÃO DIMINUIU!...
(CECILIA MEIRELES)
CONVERSANDO COM CECÍLIA MEIRELES
POEMA DA ALEGRIA
DEPOIS DE PASSAR LENTA
MUITAS LUAS,
MINHA TRISTEZA ACABOU...
PERTO, PERTO,
O CÉU AGORA É FLORIDO
NADA MORREU,
NADA ACABOU...
ESTOU VIVA, SEM LUTO,
ERGO AS MÃOS
CHEIAS DE SORRISOS,
EM OFERENDA...
ELEITO, Ó ELEITO
ME VÊS,
ME OUVES,
ME QUERES!...
E FICAREI CONTIGO ASSIM
TODA A VIDA...
TIVESTE PENA DAS AVES,
AGORA VIRÃO BEBER
SORRISOS DAS MINHAS MÃOS,
E VOARÃO ALEGRES,
PELOS ARES,
LEVANDO O ARCO-ÍRIS
QUE DEIXASTE NOS MEUS LÁBIOS...
ELEITO, Ó ELEITO,
DEPOIS DE PASSAR LENTA
MUITAS LUAS,
MINHA TRISTEZA ACABOU...
(CIDA VIEIRA)