Beijo Frio

O hálito frio em seu pescoço chega a ser prazeroso.

Ela tenta lutar, mas suas forças estão bloqueadas.

Seus músculos estão rijos e imóveis.

Sua respiração lenta, mas descompassada.

O predador a observa.

Uma moça jovem, linda e indefesa, dura em seus braços.

Os olhos dela são intensos, é como se ela o amasse.

Ele entristece.

Quase sempre esquece que não passa de um efeito da hipnose,

Um frenesi involuntário e sobrenatural,

Efeito da maldição que seus olhos pretos causam.

Ela é apenas uma vítima.

Ele é apenas o predador.

Pensar assim faz seu coração parado doer.

Ainda é novo,

Ainda sente algo humano dentro de si.

Mas esta deve ser sua centésima refeição.

Agüentaria olhar para outro corpo pálido e morto?

Olha mais uma vez naqueles olhos falsamente amorosos.

Ela o quer muito, mais do que jamais quisera qualquer outra coisa.

Está seduzida,

Fora levada pelo encanto mágico e sombrio.

Ele precisa decidir.

Sua mandíbula se fecha no pescoço quente da moça.

Ela abre a boca, mas nenhum som é emitido.

Ela sente apenas prazer,

Um prazer doentio que mesmo ela duvida existir.

Mas é bom.

Ele chora, e sente falta das lágrimas que deveriam sair.

Enquanto satisfaz sua fome de monstro,

Sugando até a última gota de sangue,

Sente que está sugando a vida dela,

Olhando-a nos olhos,

Vê um olhar sem alma, vazio,

Em uma expressão de medo,

Como se aquele rosto lindo e inocente nunca houvesse conhecido um sorriso.

Não, ele diz.

Temendo não refrear seu instinto,

Ele beija a bela jovem nua à luz do luar.

Cede, solta-a no chão, ela tomba machucando o braço.

Uma gota de sangue é derramada.

Em seguida ela acorda sozinha.

Não sabe onde está,

Nem como chegou ali.

Em algum lugar na noite, o vampiro sorri,

Decidido a acabar com sua não-vida na luz do sol nascente.

Ela percebe o braço arranhado,

E por último, lembra do garoto frio e pálido que a beijou.

Jack Lopes
Enviado por Jack Lopes em 02/10/2009
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