Palavras a dizer
Deparo-me com minha alma tão suspensa
Que não mais sinto meu coração palpitar!...
Pele abaçanada a qual não posso palpar
Pudica imponência... Há de ser detença
Minha espera por quem é tão mero vulto...
Não vou ficar estereotipando prova
De meu amor fétido já alocado à cova
Onde permanecerá pra sempre inulto!...
Teu fogo é frio por fora e por dentro queima
Num devaneio denso como o oceano
Sem principio nem fim... Dolente e profano...
Tal lampejo é como procela freima,
Converte-se em doces gotas de cristais
Que se espargindo pelo chão na espera
Da aurora... Brindaremos numa pétera
De ouro com dóceis venenos surreais
Que no olhar e no sorriso ganham formas
Sutis e imperceptíveis tal quebranto
Das víboras invejosas!... Hei, portanto
Apartar-me de vós rainha das quidornas!...
Carlos Barbosa, 18 de Setembro de 2009