Escura noite
Soa gélido vento nesta sombria noite,
Uma entre tantas de pesar redundante
Que desfia-se em feroz procela atroante
Deixa lúgubre minha alma num só açoite
Em renitentes desejos desmedidos
No escuro sem mácula, tal impiedoso
Sentir verte lôbrego dilúvio iroso
Num estrondo que corta alvores despidos
Da luxuria alcança o coração divino,
Clamo para este sentir ser removido...
Por tais lamúrias já estou embebido
Meu pensamento já perdeu todo tino,
Tudo se distorce em silencio macabro,
Lágrimas que se espergem e se desfazem
Em chuva que ablui flores... E que florescem
Sufocando num desejar volutabro
Que faz-me esquecer das belezas vividas
E das muitas que ainda tenho que viver...
Mas por todo sempre hei de lhe bem dizer
Oh pulcras e amargosas noites sofridas...
Carlos Barbosa, 21 de setembro de 2009.