Aflição
Poderia, por ventura, nomear doutro modo
O que sinto dentro de mim,
Todas as manhãs, ao acordar
E perceber que não veio, ainda, o fim?
Doloroso é ter que enfrentar
Mais um dia esta sofrível situação,
Pois não pude, ainda, desterrar
Do âmago a amarga aflição.
Se for para sempre senti-la
Sufocando por dentro o peito,
Quero que se abrevie o dia
Em que num gélido leito,
Todos ao meu redor
Vejam com tristeza vã,
O meu pálido corpo a se expor
Pela última vez a essa última manhã.