Rumo ao Amor Perdido

A vida começou a passar na frente dos meus olhos depois de tanto tempo.

E não vi nada que gostei.

Tudo estava perfeito.

Então ela foi tirada de mim.

Tudo que eu mais amava foi puxado de mim,

e me recusei a soltá-la. Mas ela escapou por entre meus dedos.

Então sombras começaram a dançar na beirada da minha cama.

Sombras ameaçadoras, querendo me levar também.

O que está acontecendo?

- Não estou aqui e isso não está acontecendo. - sussurro para mim mesmo, com a mão nos ouvidos.

Então tudo parou, o barulho cessou, o silêncio era fúnebre.

Tudo era maravilhosamente branco e pela primeira vez em três anos,

senti conforto e paz. Senti ela comigo.

Me senti otimista.

Assim que a escuridão voltou, a tristeza também voltou e ela sumiu. Mas ainda existia uma faísca de esperança em mim.

Algo a mais, escondido na depressão.

Parece que estou no limbo.

Vivendo num mundo de fantasia, esperando uma mensagem. Sem viver de verdade, apenas aguardando.

Pausa.

Eu posso fazer o que eu quiser.

Faço as malas. Deixem-me ir, eu digo.

As sombras desaparecem, e eu sei porque - simplesmente porque não há mais razão para estarem ali.

Deixem-me ir.

Então me preparo à beira de um penhasco alto.

Olho para cima - acredito que ela esteja num lugar melhor que o céu, mas me serve de simbolismo.

Pare de mandar mensagens, eu já entendi.

Pílulas e vinho branco me ajudaram a voltar a seus braços.

Não é como nos filmes, eu suspiro.

Acho que você é louca, digo sorrindo, pela primeira vez em anos.

Mas se é necessário...

Olho para sua foto uma última vez e sussurro:

- Te vejo na próxima vida... - e meu pé pisa no vazio, enquanto meu corpo já dormente aguarda o impacto das pedras.

Jack Lopes
Enviado por Jack Lopes em 22/09/2009
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