Rumo ao Amor Perdido
A vida começou a passar na frente dos meus olhos depois de tanto tempo.
E não vi nada que gostei.
Tudo estava perfeito.
Então ela foi tirada de mim.
Tudo que eu mais amava foi puxado de mim,
e me recusei a soltá-la. Mas ela escapou por entre meus dedos.
Então sombras começaram a dançar na beirada da minha cama.
Sombras ameaçadoras, querendo me levar também.
O que está acontecendo?
- Não estou aqui e isso não está acontecendo. - sussurro para mim mesmo, com a mão nos ouvidos.
Então tudo parou, o barulho cessou, o silêncio era fúnebre.
Tudo era maravilhosamente branco e pela primeira vez em três anos,
senti conforto e paz. Senti ela comigo.
Me senti otimista.
Assim que a escuridão voltou, a tristeza também voltou e ela sumiu. Mas ainda existia uma faísca de esperança em mim.
Algo a mais, escondido na depressão.
Parece que estou no limbo.
Vivendo num mundo de fantasia, esperando uma mensagem. Sem viver de verdade, apenas aguardando.
Pausa.
Eu posso fazer o que eu quiser.
Faço as malas. Deixem-me ir, eu digo.
As sombras desaparecem, e eu sei porque - simplesmente porque não há mais razão para estarem ali.
Deixem-me ir.
Então me preparo à beira de um penhasco alto.
Olho para cima - acredito que ela esteja num lugar melhor que o céu, mas me serve de simbolismo.
Pare de mandar mensagens, eu já entendi.
Pílulas e vinho branco me ajudaram a voltar a seus braços.
Não é como nos filmes, eu suspiro.
Acho que você é louca, digo sorrindo, pela primeira vez em anos.
Mas se é necessário...
Olho para sua foto uma última vez e sussurro:
- Te vejo na próxima vida... - e meu pé pisa no vazio, enquanto meu corpo já dormente aguarda o impacto das pedras.