Finalmente livre ás sombras

Finalmente livre ás sombras

Ele desceu do ônibus de cabeça baixa

Não quis mostrar o rosto a quem ele não conhecia e sequer o poderia defender de algo

Se sentiu sozinho mais uma vez

Então ele viu o quanto poderia ser um fracasso de pessoa.

O céu imperava em suas órbitas

E ele se via no mastro da liberdade

Achava que com os céus poderia conquistar todo o resto

E com todo o resto dominar o coração das pessoas

Não sabia ele o quanto era fraco e valente

Valente por finalmente olhar sua negridão no espelho reflexo e admitir a si mesmo o quão fraco poderia ser

Não era ai que queria chegar?

Não era nesse tão belo e invólucro estagio que querias estar meu jovem?

Quando tudo fracassa e se perde a esperança

As coisas jamais andariam como deveriam ser

Olhe para trás e peça perdão pelos seus erros

Veja em quantas cabeças você andou pisando e magoando

Para agora nesse futuro não se lamentar pelos seus esforços maus sucedidos

Tudo o que você faz não tem sentido

Não dão valor pras coisas que você realmente constrói ou almeja

Você pensa que tem um teto firme?

Não se assuste

Lascas ainda cairão sobre você

O chão se afundará

E os vermes lhe pegarão pelo pescoço

Em horas tão tristes e funestas

Nenhum dos senhores do riso e do orgulho lhe vem para lhe auxiliar

É cada vez maior sua profunda dor

Ela te incendeia

E te traz a lembrança do seu mais diverso catálogo

Você pensa que amanha o sol virá

Ele não vira sem o teu esforço

Então você trabalha nessa nova peleja

E o UNIVERSO te relega o sucesso

Ele te traz medo

Agonia, pânico

Como em uma pequena amostra do inferno aqui na Terra

Você já não sente mais o que seria dor

Porque sequer se estimula a receber ajuda dos amigos

Você Senhor do Tempo

Você Jovem da Sabedoria

Você pessoinha amada de varias personalidades

Ainda terá muito o que pagar a mim

Porque eu sou a Morte

Sou boa

Boníssima

E por isso te amo e te quero pra junto de mim

Minha falange celeste de cavalos negros

Te persegue e a todos os que são semelhantes a você

Mas de modo especial a você mesmo, senhor onipotente

Te abrirei uma vala no estomago

Te cortarei as raízes como quem faz a um cão

Abrirei sua mente para o pior

E detonarei tudo o que você classifica de CONHECIMENTO E DOM

Você não merece a quinta parte do que consegui em 1000 anos

Você não merece estar onde estou

Porque aqui você encontraria muita PAZ e conforto.

Você é tão desleixado quanto o pior dos escravos

E é isso mesmo que você é

Merece ser esquartejado pelo ódio

Pela volúpia

Digno de glória eras a tempos atrás

Hoje é digno do meu escárnio, ser vivente

Eu sou a Morte

Tão próxima quanto sua vida besta

Mas

Não vim trazer a Morte em si

Mas sim

Uma renovação

Uma vida nova

Mas para isso

MORRA

Fui para o campo

Peguei minha doce flauta

Achei que havia alguém para me ouvir

Não havia ninguém

Ela não estava

Ela já se foi

Ela me prendeu e me soltou no mar negro

Pintei meu cabelo de áureo

Pensando que um anjo me carregaria no colo

Mas encontrei a forca

E nela me fiei

Achei que tudo o que eu tinha

Tinha, e não apenas emprestara

Traíram minha confiança

Me soltaram no meio da multidão

E eu ainda nem sabia andar

Me deram colo

Mas por interesse

E assim não me defenderam de meus inimigos

Uivos de feras soltaram para mim

Canções de ninar eu não sabia o que era

Sim, eu sou o teu boneco de prazer

Você mente

Eu aceito

Você vive, eu morro

Tento subir, e você me escalpela

Não tire meu pequeno sopro de vida que vem se esgotando mais e mais

Não abuses de mim

Sou tão pequeno e frágil

Posso morrer ainda mais

A um simples olhar seu...

Me de a esperança

E me deixe mostrar que sou bom

Se assim não fizeres

Me tornarás um mártir

Do infortúnio e da angustia

E em minha túnica se estampará

“o morto que não ressuscitará”...

DEUS Pai abençoe-me.

Amem.

Rônaldy Lemos
Enviado por Rônaldy Lemos em 26/06/2006
Código do texto: T182379