Ex

Tão difícil chamar-te de ex amor.

Tão difícil ver-te como meu ex amor.

Ainda me agarro à esperança de que só houve um equívoco

e que lhe sobrevivo.

Que só houve um mau Julgamento,

um mau momento ...

Tento iludir-me de que o que vi era falso,

e que não subirei nesse cadafalso.

Deus! Qualquer Deus!

O que fizestes dos Juramentos ateus?

Preta, Favinho de Mel,

afaste esse carrossel

onde patas me atropelam

e doidos varridos me modelam.

Afaste essa tanta dor,

de teu tanto desamor.

Moça, o que fizestes com minha vida?

Como viver sem te chamar de “minha vida”?

Por que Lilian fizeste esse duro oficio

cujo resultado será outro suplicio?

Como viver tua ausência que me desola,

o vácuo que tudo assola?

Como viver o fato

de que seguistes outro homem

e que ao amar murmuras outro nome?

Que só vivi o Tear abstrato

e só teci esse distrato?

Eu sei que fostes sincera,

Que será inútil minha espera.

Mas essa dor não passa,

essa angústia transborda qualquer taça.

Agora sou o inútil de meus espaços,

o inútil em meus passos.

Sei que já não sou quem te faz plena,

quem te faz serena.

e que já não és a Musa do meu poema.

Tu vais ...

Eu sobro.

Soçobro.