Despedida - O fim de um início
Anoitece
Hoje, noite irregular
A sombra caminha
indiferente à falta de companhia
As ruas anoitecem a vida
incerta, improvável, incomunicável
O vento gelado acalenta,
com o balanço dos galhos secos,
o sono universal dos pássaros
Além dos faróis incandescentes,
só o caminhar fadigado do homem
Menino sem par
Solidão ímpar
O escuro sufoca o pensamento
A lembrança da promessa, dos risos, da entrega,
da concordância que pulsou os corações
anoitece junto à luz das vidraças
que se apaga nos edifícios
A sombra se apercebe da falta
Uma falta não anunciada ainda,
apesar das malas prontas
Nesta noite,
o (eleva)dor poderia ter sido utilizado,
mas nem foi lembrado
A escada não levou, muito longe, os passos
Chega a casa
Só a sombra ouviu a porta bater
O homem/menino já estava adormecido
Entre soluços, dor e despedidas
O motivo da partida, a sombra não quis falar.