ENFIM SETEMBRO
Entreabri o portão da minha vida recente
E fui achar um sem número de erros crescentes
E vendo em cada um, que tenho sido um velho decadente
Ou quem sabe, um menino ingênuo, inocente
Que insistiu em acreditar, que o coração, me rege a mente
Que eu ainda podia amar, impunemente
Ou que as paixões, não iriam me tornar doente
E impulsivo e cego, como um adolescente
Dei asas aos amores inconsequentes
Sem perceber que me afogava em um caldeirão fervente
Arrebentando os tímpanos, sem ouvir os gritos do meu inconsciente
Ergui um paredão, bem a minha frente
Até que sem ar, me sufoquei inutilmente
E dos meus olhos rolaram, salgadas lágrima quentes
E a culpa veio me abraçar, pesadamente
E o espinho, da perda, se cravou no coração, sutilmente
E da estupidez do pesadelo, fui me acordando, lentamente
E a luz, me adentrando os olhos, me chocava, terrivelmente
A dor que a consciência traz, me deixando mais transparente
Posso agora na alma, sentir uma paz, tão alegremente
E nessa paz, uma mão me acaricia, piedosamente
Na sua fé em Deus, me beija, me põe no colo, humildemente
Me perdoando, me resgatando, de quem me ama verdadeiramente
Assim se passaram, junho, julho e o interminável agosto
Com seus ventos frios e cortantes, me dilacerando a alma e o corpo
Até que essa tempestade foi se amainando, foi se acalmando...
E minha vida foi se reencontrando, se reanimando
E se bem me lembro, eu ansiei que chegasse setembro
Enfim ele chegou...
L U C I A N O
setembro/2009