FLAGELOS DE MINHA ALMA

Muito se exalta e pouco se faz

Muito se fala, mas ninguém é capaz

De ser retirante do flagelo maldito

Que assola com seca o sertão inaudito

Do norte da alma que vive sem paz...

Dos pulsos cortados do agreste

Corre o rio financeiro que constrói o país

Um rico senado pela tua pobreza, tua dor, tua peste...

Teu cerrado, quem diz... gera fruto

e reveste nossa mente infeliz da semente moeda,

do dinheiro, raiz...

Ah... Não fosse tua dor, teu flagelo

Não haveria cor nesse quadro tão belo

De concreto armado no ferro forjado

A custa do teu suor barato, teu sonho vão,

Das tuas mãos estendidas, a vergonha,

o recato de tua alma vendida pelo pedaço de pão...

Perdoa-me Nordeste,

Minha fome tem te devorado,

Minha sede tem secado o teu sertão, teu cerrado.

Perdão pelo pecado regado à falta de tua água;

Pelo egoísmo ser maior que a mágoa

Que te faz chorar se não chover.

Mas, estranhamente teu pranto cultiva

o pouco verde que nascer...

Quanto a nós, oásis florido que você faz crescer,

Já não sonhamos e nem sentimos;

Não rimos e nem choramos...

Sequer temos nossa própria causa,

Não lutamos, não plantamos e nem colhemos...

Apenas secamos...

Perdoa, sertão, os flagelos de minha alma

susybar
Enviado por susybar em 25/08/2009
Reeditado em 25/08/2009
Código do texto: T1773557
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