FLAGELOS DE MINHA ALMA
Muito se exalta e pouco se faz
Muito se fala, mas ninguém é capaz
De ser retirante do flagelo maldito
Que assola com seca o sertão inaudito
Do norte da alma que vive sem paz...
Dos pulsos cortados do agreste
Corre o rio financeiro que constrói o país
Um rico senado pela tua pobreza, tua dor, tua peste...
Teu cerrado, quem diz... gera fruto
e reveste nossa mente infeliz da semente moeda,
do dinheiro, raiz...
Ah... Não fosse tua dor, teu flagelo
Não haveria cor nesse quadro tão belo
De concreto armado no ferro forjado
A custa do teu suor barato, teu sonho vão,
Das tuas mãos estendidas, a vergonha,
o recato de tua alma vendida pelo pedaço de pão...
Perdoa-me Nordeste,
Minha fome tem te devorado,
Minha sede tem secado o teu sertão, teu cerrado.
Perdão pelo pecado regado à falta de tua água;
Pelo egoísmo ser maior que a mágoa
Que te faz chorar se não chover.
Mas, estranhamente teu pranto cultiva
o pouco verde que nascer...
Quanto a nós, oásis florido que você faz crescer,
Já não sonhamos e nem sentimos;
Não rimos e nem choramos...
Sequer temos nossa própria causa,
Não lutamos, não plantamos e nem colhemos...
Apenas secamos...
Perdoa, sertão, os flagelos de minha alma