Dirceu sem Dorotéia
Não posso ser um homem pela metade
Não posso lhe oferecer flores do jardim alheio
Não posso fingir ser doce o amargo fel
Não posso sorrir essa tristeza que trago
Não posso explicar o inexistente
Não posso aceitar a ausência
Não posso viver entorpecido
Não posso morrer em teus braços
Não posso ser Dirceu sem Dorotéia
Não posso suportar a desilusão
Não posso alienar-me na dor
Não posso ter coragem na fraqueza
Não posso ver o sol na escuridão
Não posso morar na saudade
Não posso perder-me em tua alma
Não posso balançar-me no lamento
Não posso ser Tomaz Gonzaga
Não posso viver sem Ouro Preto
Não posso ser um Inconfidente da Paixão
Não posso sonhar na prisão
Sou um peixe sufocando fora do mar
Sou um tubarão sem barbatanas
Sou mais presa que predador
Sou o fim em mim mesmo