ULCERAÇÃO

E volta esse incômodo peculiar

Esse marolar nauseante e agônico

Esse mal de estar e estar perdida

Entre frases e versos confusos

Cacos de letras na boca entreaberta

Ruídos desconexos; ecos aflitos

Passos incertos, expressões vagas

Agonia...

E esse oceano a engolir pensamentos

Mares e marés inconstantes; fases?

Quantas em tão pouco espaço...

Vai, lua...Passa, passageira nuvem

Vento, alento, ventania, temporiza..

Avisa-me previamente; preparo-me

E isolo-me de tudo e tudo, enfim

Afim de não contaminar verso, verbo

Razão, impulso, grito, corte, mudo

Mundo meu de maresia amarga e rala...

Cala meu peito... Essa agonia constante

Ulcera meu discurso tão bem ensaiado...

Rompeu-se o oceano de (m)águas tantas...

(Lena Ferreira)