A Poesia Ausente

Calaram minha poesia.

Disseram-me o que não se deveria.

Ouvi, o que não queria.

Pedem-me o que não tenho

e essa falta corta-me como duro lenho.

Como ausente riso, em duro senho.

Seria bom dormir sem sonhar.

Sem realidade para acordar.

Isento, de qualquer amor ofertar.

Já disse antes que me fugiria a Cotovia.

Agora sei o horror dessa agonia.

Calaram minha poesia,

última voz que ainda me pertencia.

E assim foi, Maria . . .

Reina o silêncio, marrom e denso.

Pouco importa o que sinto e penso.

Meu verso é um ato suspenso.